O vinho e a Idade Média
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- Categoria: a história do vinho
É bastante comum falarmos do vinho na época dos gregos e do Império Romano. Mas e depois, o que aconteceu com a cultura do vinho? Como ela chegou aos dias de hoje?
O início da Idade Média, também chamada de era Medieval, é caracterizado pela queda do Império Romano, em 476 d.C. Mas esse marco de início foi determinado posteriormente, por historiadores. As mudanças, nos períodos históricos, não acontecem em datas estabelecidas. São transições de cultura que acontecem paulatinamente, é claro.
E esse mesmo critério de recortes cronológicos estabelece o final da Idade Média em 1453, com a queda de Constantinopla.
Esse tempo de aproximadamente mil anos ficou também conhecido como a Idade das Trevas. Era uma alusão ao obscurantismo, porque pensadores renascentistas do século 16 consideraram negativa a influência da Igreja durante esse período, visto por eles como decadente.
Mas esse é um engano que os séculos seguintes trataram de esclarecer. A Idade Média foi, da sua maneira, um período de descobertas que transformaram o mundo em que vivemos. Inclusive o mundo do vinho.
Foi na Idade Média que o vinho deixou de ser um elemento importante nos rituais fúnebres que garantiam boa vida eterna, deixando de ser enterrado com os mortos, para ser consumido pelos vivos.
O simbolismo do vinho na liturgia católica fez da Igreja um importante personagem da história do vinho. A Igreja era proprietária de muitos vinhedos, nos mosteiros das principais ordens religiosas da época.
Os religiosos não somente deram continuidade ao cultivo da vinha e à produção do vinho, como inclusive aprimoraram processos.
E foram justamente os religiosos, franciscanos, beneditinos e de outras ordens, que ao se espalharem pelo continente europeu, difundiram a cultura do vinho.
Mas não era somente para fins litúrgicos que o vinho era consumido, durante a Idade Média.
São Bento de Núrsia (480 – 547 d.C.), monge fundador da Ordem dos Beneditinos, determinava uma quantidade diária de vinho a ser consumida pelas pessoas, e considerava, ainda, que situações específicas de trabalho ou de clima justificavam doses maiores.
Isso porque a Igreja reconhecia, no vinho, não só o seu caráter religioso, mas também seu caráter mundano, secular. É que o vinho, misturado à água, a higienizava tornando-a segura para o consumo. Para ler mais sobre isso, clique aqui.
Foi na Idade Média que o vinho encontrou seu papel não divino no mundo. O homem medieval foi o primeiro a entender que somente o vinho consagrado possuía um caráter divino, ao se transformar no sangue de Jesus. Foi o primeiro a diferenciar o vinho divino, do vinho da taverna.
Sem falar que o vinho era também um elemento da prática da medicina medieval, e os hospitais também acabavam sendo centros de produção e distribuição de vinhos.
Pois bem. Esse é ou não é um outro jeito de ver a Idade Média?
E se quiser saber mais sobre o vinho sacramental, consumido pelos padres na celebração da missa, clique aqui.
Para encerrar, uma curiosidade: a importância do vinho nos rituais da Igreja Católica faz do Vaticano o país com o maior consumo per capita de vinho, do mundo! Para saber mais sobre isso, clique aqui.
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