Vinho gastronômico versus vinho de meditação
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- Categoria: desmistificando
Talvez você já conheça essas expressões, talvez não. Vamos tentar apresentá-las e decifrá-las.
Em grandes linhas, usa-se o termo gastronômico para aquele vinho que, harmonizado com determinada refeição, a beneficia e é beneficiado por ela. Já o vinho de meditação é um termo usado para vinhos que dispensam um acompanhamento, mesmo que possam aceitá-lo...
Uma outra vertente de opinião considera que os vinhos de meditação são, por assim dizer, mais “perfeitos”, e por isso dispensam um acompanhamento. Nesse caso, o vinho gastronômico “precisaria” da comida, pois ele não seria tão bom quando consumido desacompanhado. Polêmicas. Ainda bem que o mundo está cheio delas...
Bom, e o que faz um vinho ser gastronômico, ou ser de meditação?
Vamos a um exemplo: um vinho não muito alcoólico e seco, como um Grenache de Côtes du Rhône, é considerado um vinho gastronômico, enquanto um Banyuls, também elaborado com a mesma uva Grenache, é considerado um vinho de meditação.
O Côtes du Rhône é, sem dúvida, um vinho mais versátil que o Banyuls. Com um volume moderado de álcool, e também com um corpo moderado, ele não se pronuncia sobre os pratos, e sim, entra em harmonia com eles. Mas e o Banyuls, então? Fortificado com aguardente de vinho, seu teor alcoólico é mais elevado e ele apresenta uma doçura natural. Essas características sobrepujariam a maioria dos alimentos.
Isso quer dizer que Banyuls é um vinho de meditação, e não pode ou não deve ser acompanhado por alimento algum? Não, não é isso. Ele só não é tão versátil. Mas esse é um vinho que acompanha muito bem carnes e frutas caramelizadas, queijos secos e queijos azuis, mas, acima de tudo, é um vinho muito recomendado para a harmonização com chocolate, considerada entre as mais difíceis.
Talvez seja necessário considerarmos desfazer esse muro que, teoricamente, separa totalmente duas categorias: vinhos gastronômicos e vinhos de meditação...
Todo vinho, com a escolha adequada, tem potencial para acompanhar determinado alimento. E todo vinho tem o direito, também, de nos acompanhar em um momento de meditação, sendo harmonizado apenas com um bom filme, livro ou conversa.
Liberdade aos vinhos! E saúde a nós!
Ah, se quiser ler mais sobre Côtes du Rhône, clique aqui. Sobre Banyls, aqui.
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